segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Cinco Segundos

Ela estava sentada na calçada, quando o ônibus em que eu estava passou. Nossos olhares se encontraram e nossas almas sintonizaram-se. Ela era a garota mais linda que eu já tinha visto. Anos se passaram. Tivemos dois filhos, um casal. A menina 3 anos mais velha que o menino.
Vimos nossos filhos cresceram. O menino era brilhante. Formou-se em Direito, sonhava em ser juiz. A menina só nos trazia problemas e mais problemas. Engravidou duas vezes, e em ambas perdeu o bebê. Ela contraiu AIDS e por conta da baixa imunidade, morreu com uma simples gripe.
A morte dela foi o dia mais triste de nossas vidas. Mas para viver, só indo pra frente, então decidimos que não poderíamos continuar daquele jeito. Enxugamos nossas lágrimas, lavamos nossos rostos e sorrimos.
Nosso filho se casou com uma linda professora de geografia. Tiveram dois meninos, Gêmeos. Vimos eles se desenvolverem. Eram a nossa alegria.
Minha mulher foi diagnosticada com câncer de mama. Entre várias sessões de quimioterapia, entre a queda de cabelo, entre a retirada da mama esquerda, estávamos felizes, o câncer tinha sido controlado. Não por muito tempo. Novamente, ela foi diagnosticada com câncer, dessa vez na faringe.
Já não podendo falar, sem forças para enfrentar a quimio, ela desistiu. Encontrei-a morta no chão do banheiro, e em sua mão um frasco de tranquilizante. Ela tomara todos os comprimidos. Morreu de overdose.
Não me contive, desabei em choro. Não sabia o que fazer. Ela era minha vida, minha luz, minha inspiração. Entrei em estado de choque. Nunca me recuperei.
Hoje faz 7 anos em que estou internado neste hospital psiquiátrico. Não faço nada, a não ser ficar sentado nesta cama, olhando para a janela e pensando que estou no coletivo, olhando para aquela linda garota sentada na calçada enquanto meu ônibus passava. Isso só aconteceu na minha cabeça, por mais ou menos cinco segundos.
Cinco segundos, foi o tempo em que nossos olhares se viram, o tempo em que o ônibus passou, o tempo em que eu eternizei-a.

domingo, 31 de maio de 2015

É tão bom ficar com você,
caladinho, 
coladinho.
Ao seu ladinho.
Só ao seu ladinho.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Coisas de bêbados

01:15 horas.
Peguei o telefone e disquei o número dela. Tinha apagado, pois não queria nenhum resquício dela em minha vida, mas já era tarde. Seu telefone eu já decorara desde o primeiro dia. Não sabia exatamente o que diria, caso ela me atendesse. Pensei em desligar, mas não o fiz. Primeiro toque, tremi. Segundo toque, ela não vai me atender, tenho certeza, está tarde e ela está dormindo. Terceiro toque e a desgraçada atendeu:
- Alô!
Ela disse com uma voz doce e sonolenta. Fiquei quieto, não respondi. Ela disse:
-Mark, eu sei que é você, reconheci sua respiração afobada de sempre. O que quer? Está tarde e eu acordo cedo, para de bobeira e fala logo o que quer.
Não tinha mais escolhas. Ou desligava ou falava. Resolvi então falar.
- L - Laurie! - gaguejei - Eu queria te dizer que… -pausei, por um momento- eu… Eu… É…
- Fala logo cara!
Pensei em dizer a verdade, que eu a amava e sentia falta dela, mas para quê? Ela seguiu a vida dela e estava feliz com outro. Então disse, firmemente:
- Laurie! Eu queria te dizer que você é uma vaca - não achei um outro adjetivo para descrevê-la no momento- e desejo do fundo do meu coração, que você e seu novo namorado vão se foder. Você é uma ingrata, quando mais precisou, estive com você, e me recompensas assim, me jogando para escanteio e me fazendo sofrer vendo toda essa felicidade que você sente junto desse bocó. Quero te dizer só mais uma coisa, você morreu pra mim!
E finalizei a chamada!
Senti um peso na consciência e mandei-a um SMS:
"Desculpa, estou bêbado."
O que fazemos quando o amor acaba e não queremos admitir para nós mesmos? O que fazemos?

segunda-feira, 23 de março de 2015

Surpresas da vida

Há exatos 12 meses, um garoto quieto do interior, foi convidado por amigos para ir à uma festa, ele relutou um pouco pois não gostava muito de ir à lugares cheios, mas com a insistência dos amigos acabou aceitando. Chegando na festa ele avistou uma linda morena, com olhos cor de mel - ele amava olhos dessa cor - então comentou sobre ela com os companheiros, e eles disseram-no para ir falar com ela. Meio nervoso lá foi ele de encontro à garota. Conversaram quase a festa inteira, sobre diversos assuntos, estava na hora de ela ir embora, então eles trocaram telefone e se despediram. Ele voltou para os amigos e disse que se apaixonou por ela, eles o zoaram um pouco, mas amigos são assim mesmo. Foram embora. Já era madrugada, ele se deitou e pegou o celular para mandar uma SMS para a garota, mas no mesmo instante ele recebeu uma dela, dizendo que não parava de pensar nele. Eles passaram a madrugada toda trocando mensagens, tinham assunto que não acabava mais, estava amanhecendo, e resolveram ir dormir, mas antes marcaram de ir numa sorveteria. A hora do encontro chegou, ele chegou ao local 10 minutos antes pois estava muito ansioso, ela se atrasou por 30 minutos, ele achou que ela tinha desistido, mas quando ela chegou seus olhos brilharam. Ela pediu desculpas pelo atraso explicando que não tinha roupa para vestir. - o que é uma mentira de todas a mulheres, pois seus armários sempre estão lotados de roupas - Eles ficaram por uma semana. Estavam loucamente apaixonados e começaram a namorar. 
Hoje estão completando um ano de namoro e planejaram voltar a boate onde se conheceram, para comemorar, mas o destino planejou uma terrível surpresa para eles. No caminho da boate sofreram um assalto e os ladrões mataram ela e fugiram. Ele ficou muito mal, não conseguia mais se alimentar e só ficava trancado em casa. Não tinha mais forças para nada, nem para ir ao enterro da amada. Uma semana se passou, e seus vizinhos sentiram um cheiro muito forte de gás vindo de seu apartamento e ligaram para os bombeiros. Quando eles chegaram bateram na porte dele, mas não obtiveram nenhuma resposta, então arrombaram e viram que ele estava desmaiado na sala. Levaram-no ao hospital e ele acordou lá três dias depois. Seus amigos que o levaram a primeira vez na boate, passaram todo o tempo ao seu lado enquanto ele esteve dormindo. Eles ficaram aliviados ao ver que tinha acordado. Ele os pediu que deixassem-o sozinho, pois precisava pensar. Eles atenderam o pedido. Mas ele não pensou, e levantou-se da maca, foi em direção a janela e se jogou. Mas coitado, não sabia que seu quarto era no primeiro andar.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu e você

Eu e você
Um tudo, um nada
A certeza de uma incerteza.
Eu e você,
Nada em ti, tudo em mim.

Eu e você,
Nada pra você
e você tudo pra mim
Esse amor é sem fim.

Eu e você,
Simplesmente aconteceu.
Um inicio, meio, e infelizmente
Com um fim incompreensível.

Eu e você,
Tão bom enquanto durou,
Mas será, que um dia
Nós reviveremos esse amor,
E não viveremos esse fim?

quarta-feira, 4 de março de 2015

Divagar

Vontade de sair por aí.
Sem rumo, andar.
E, quem sabe,
Te achar
Por essas esquinas
De algum lugar.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Inconstâncias

Eu quis
Você não
Você quis
Eu não
Nós quisemos
Não podemos
Quando podíamos
Não queríamos mais.
O tempo passou
Ele voou
O tempo mudou
Nos reencontramos
Você quis
Eu quis.
Nós quisemos
Nós podemos
Nós fizemos
Nós fazemos
Nós vivemos,
Nos amando.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sou sonhador

Não sou um exímio escritor
Nem um exímio poeta
Mas sim, sou um exímio sonhador
Sonho porque a realidade é deprimente
Sonho porque sonhando vivo contente
Contente vivo sonhando um sonho de amar alegremente
Alegre vivo sonhando
Um sonho de amar contente

domingo, 8 de fevereiro de 2015

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

É cada sonho que temos

Era uma noite de inverno, estava indo ao encontro de minha amada. Na manhã deste mesmo dia, ela me ligará e marcará um encontro comigo, disse que tinha algo importante a me dizer, ela estava preocupada, notei pelo seu tom de voz. Às dez horas da noite chequei ao local marcado, ela já estava lá meio impaciente, antes de me sentar, fui até ela, para dar-lhe um beijo, ela virou seu rosto, e beijei sua bochecha, fiquei meio que intrigado, por causa da ligação e deste estranho modo que ela estava, sentei-me à sua frente, pedi desculpas pelo atraso e perguntei o que estava acontecendo, ela deu de ombros, e me disse que queria terminar, não aguentava mais ser desprezada, disse-me também que não estava feliz, se levantou e foi embora.
Fiquei arrasado e sem reação, afinal, ninguém que ama ficaria bem com um término de relacionamento assim, ainda mais quando se está fazendo um ano de namoro. Peguei a carteira e deixei dinheiro em cima da mesa, para pagar o que ela consumiu enquanto me esperava. Sai do restaurante, fui caminhando pra casa, e pensando o porquê dela ter feito isso.
Já eram meia-noite e uns quebrados quando cheguei, fui para o banheiro tomar um banho gelado, e desabei em prantos, ao sair do banho peguei umas dez garrafas de uísque e as bebi, inteiramente só. Milhares de pensamentos invadiam minha cabeça. Estava muito mal, eu amava tanto ela, queria ficar com ela pra sempre, - porque será que ela terminou comigo, justo nesse dia? - Não queria mais viver sem ela ao meu lado, decidi que pela manhã iria me suicidar. Adormeci.
Quando acordei já eram quase onze horas, estava com uma ressaca terrível, e ainda meio tonto por causa dos uísques, levantei da cama, lavei o rosto, peguei a chave do carro, e fui em direção ao centro da cidade. Estacionei e segui rumo a loja de pesticidas, pensei em comprar um veneno de rato para cometer o ato. Ao chegar ao balcão a atendente muito simpática me diz bom dia e me pergunta o que quero, eu pensativo, relutei a dizer, mas quando fui falar, meu celular começa a tocar, e era a música favorita dela - era Complicated, da Avril Lavigne - Com lágrimas nos olhos atendi meio incrédulo, ela me diz: “Não fale nada, só me escute. Me perdoe pelo que fiz ontem, estava decepcionada por não ter recebido nenhum presente, achei que tinha se esquecido do nosso aniversário. O correio acabou de entregar sua carta, o carteiro da minha rua pediu desculpas pelo atraso, pois ele estava de folga, justo ontem.” Comecei a tremer de nervoso, a voz dela começou a falhar, senti que estava chorando, e gaguejando, terminou de dizer o que tinha começado: ” S… Sim, eu aceito me casar com você!” Essa ligação me fez mudar de ideia. Deixei o celular cair, o celular desmontou. Fiquei olhando para o chão por alguns segundos, até que a atendente me chama e pergunta se estou bem, olho pra ela, respondo que sim, e me desculpo, falando que tinha errado de lugar, a farmácia era do outro lado da rua, me abaixo para pegar meu celular, e saio da loja, para ir comprar um analgésico para minha dor de cabeça. Distraído, amontando meu celular, atravesso a rua sem prestar atenção, e sou atropelado por um carro.
Nesse momento o celular toca, e acordo. Ufa! Foi apenas um sonho.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A flor

Pela janela, eu via um campo florido e arborizado de um lado e do outro um lugar seco, sem vida. Continuei olhando, e reparei melhor no lado seco, e vi que no canto dele, escondia-se uma flor diferente. Pus-me à observá-la. Era tão formosa, até mais que as do outro lado; Comparei este fato com a vida. A sociedade tende a excluir aqueles que não fazem parte do padrão imposto por ela, e nem sempre este é o melhor. Então viva, sem importar-se com o que outrora pensarão de você. Viva, porque é melhor ser feliz do seu jeito do que entristecido com uma coisa imposta à ti.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A caverna

Estive preso por anos em uma caverna escura, onde não entrava a luz do sol, muito menos a do luar. Ela era silenciosa e vazia. O único som que se ouvia por lá era o das batidas do meu coração. Uma batida calma e lenta.
Às vezes o vento soprava por ali, o que deixava o frio da solidão, muito mais ardo e difícil de ser suportado. Me encolhia no canto mais profundo dela, e ficava parado no mesmo lugar, durante dias. Imóvel. Apenas meus olhos, com piscadas vagarosas, o batuque do meu coração e o sangue correndo em minhas veias, se moviam na imensa escuridão da gruta.
Fechei meus olhos, por um instante, mas se passaram anos e eu continuava no mesmo lugar. Outro vento frio soprou por entre as gélidas paredes do lugar. Senti um calafrio nas costelas. Tremi. Sentia que o fim se aproximava. Apenas esperei. Mas ele não veio.
Permaneci na caverna por mais vários anos, à espera de algo para me resgatar. Eu poderia muito bem me levantar e sair de lá sempre que quisesse, mas não o fazia. Sentia medo do que poderia encontrar aqui fora.
Se passaram vários anos, decidi que já estava na hora de sair daquele buraco. Levantei, mas infelizmente, era tarde demais. Minhas pernas cambalearam, caí. Me arrastei sem forças até a entrada da caverna, ou no caso a saída, mas parei ainda na metade do caminho. Fraco e cansado, minha respiração estava ofegante e cada segundo que se passava, ficava mais difícil de realizar tal tarefa. Meu coração se acelerou, minha vista escureceu-se, minha respiração sessou.
Já não se ouvia o som que sempre se ouviu por ali, o som dos meus batimentos cardíacos. O fim tinha chegado.
E foi isso que senti, quando percebi que não poderia mais te ter.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Calo-me

Calo-me no frio,
pois em dias assim, a solidão bate.
E a vontade de falar contigo cresce.
Calo-me no frio para não morrer de saudade.
Calo-me no frio e vivo calado,
calando-me. 
Calo-me.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Tudo se foi

Sonhei um sonho bom. Nele você estava aqui, compartilhando uma alegria intensa, um amor sem fim e uma amizade complacente. Nele não existia a tristeza, não havia o inverno, o frio. Mas sim a primavera, a época da beleza, do amor, o verão, calor e felicidade, e o outono, onde tudo se renovava, as árvores, a paz, o amor e a vida.
Nesse sonho não acontecia nada de ruim. Nele você estava comigo, mas nesse sonho, como em todos os outros houve um vilão: o despertador. Quando ao começo da manhã, ele se acorda, e me acorda, levando consigo tudo o que era bom. 
E tudo se foi. O sonho se foi. Você se foi.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A dor do amor

O amor dói.
E dói bem no fundo
da alma,
do coração
e até do pulmão.
Dói no pulmão.
E de lá a dor passa para os olhos
E as lágrimas que escorrem,
Escorrem na tentativa de ajudar
a alma,
o coração
e o pulmão.
Limpam a alma.
Acarinham o coração.
E acalmam o pulmão.
Ou tentam.
Fazem soluçar.
O amor dói tanto.
Não o amor em si,
mas o amor quando ele acaba.
Acaba ou deixa de existir.
Sempre tem aquelas fases da tristeza.
Negação.
- não acredito que ela me deixou.
Raiva.
- aquela vazia (vadia) não me merecia.
Aceitação.
- A vida é assim: amores vem e amores vão.
C'est la vie.