quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A caverna

Estive preso por anos em uma caverna escura, onde não entrava a luz do sol, muito menos a do luar. Ela era silenciosa e vazia. O único som que se ouvia por lá era o das batidas do meu coração. Uma batida calma e lenta.
Às vezes o vento soprava por ali, o que deixava o frio da solidão, muito mais ardo e difícil de ser suportado. Me encolhia no canto mais profundo dela, e ficava parado no mesmo lugar, durante dias. Imóvel. Apenas meus olhos, com piscadas vagarosas, o batuque do meu coração e o sangue correndo em minhas veias, se moviam na imensa escuridão da gruta.
Fechei meus olhos, por um instante, mas se passaram anos e eu continuava no mesmo lugar. Outro vento frio soprou por entre as gélidas paredes do lugar. Senti um calafrio nas costelas. Tremi. Sentia que o fim se aproximava. Apenas esperei. Mas ele não veio.
Permaneci na caverna por mais vários anos, à espera de algo para me resgatar. Eu poderia muito bem me levantar e sair de lá sempre que quisesse, mas não o fazia. Sentia medo do que poderia encontrar aqui fora.
Se passaram vários anos, decidi que já estava na hora de sair daquele buraco. Levantei, mas infelizmente, era tarde demais. Minhas pernas cambalearam, caí. Me arrastei sem forças até a entrada da caverna, ou no caso a saída, mas parei ainda na metade do caminho. Fraco e cansado, minha respiração estava ofegante e cada segundo que se passava, ficava mais difícil de realizar tal tarefa. Meu coração se acelerou, minha vista escureceu-se, minha respiração sessou.
Já não se ouvia o som que sempre se ouviu por ali, o som dos meus batimentos cardíacos. O fim tinha chegado.
E foi isso que senti, quando percebi que não poderia mais te ter.

Nenhum comentário:

Postar um comentário