quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Era carnaval


Era carnaval. Não pensava tanto em você, mas ao te ver alí ao meu lado, dançando, meio alterada - você fica irresistível assim - não deu em outra. Minha vontade de você voltou, só sentia te querer, sentir de novo seus beijos, seu cheiro, sua pele, seus cabelos. Me controlei. Alguns dias passaram, estava no ponto esperando meu ônibus, e lembrei dos momentos que passamos alí. Ah, que vida bandida! Para que acabar com momentos felizes em nossas vidas? Para que levar para longe os sentimentos? Para que afastar os amantes?
Não tenho ideia das respostas para essas perguntas, só sei que não devo culpar de tudo a vida, eu em grande parte (maioria) que fui o culpado do nosso romance ter tido um fim. Uma vez, em um poema eu disse assim “(...)Ah se o tempo voltasse./ Se ele voltasse./ Meu amor, seria tudo bem diferente./Começaria dizendo o quanto te amo,/ e repetiria isso centenas de milhares de vezes no mesmo dia. (...)Não deixaria de ficar um instante se quer perto de você./ Se ele voltasse, encher-te-ia de amor, carinho, abraços, beijos e amassos./ Mas como ele não volta, eu apenas escrevo à ti.” E é isso que tenho feito frequentemente, e estou fazendo agora. Escrevendo. Escrevendo à ti.
É o que me resta, é minha única saída, minha catarse: onde me liberto e escapo da dor que é sentir e não poder ter.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Paixão

Do que vale amor sem paixão? Nada.
Dizem que paixão dá e passa, e que amor é para sempre. Concordo. Mas o que adianta amar se não tem paixão?
A pessoa que ama é amante. E esse adjetivo não remete-me a parte boa da palavra. Um indivíduo que trai seu companheiro, tem um amante -até mais de um, talvez-. Já paixão não. O apaixonado sente dentro dele aquele fogo, um sentimento de imediatismo, de quero e quero agora.
Amar é bom, mas estar apaixonado não tem comparação. Amar é paixão. Paixão é algo mais, e não cabe a eu explicar, pois, certamente, você já sentiu isso e sabe muito bem do que estou falando, e o célebre Camões já disse em um de seus poemas "Paixão é fogo que arde sem se ver...". Você deve estar se perguntando "Você não se enganou? Não foi amor que falava no poema?". De certo, você está certo, é amor no lugar de paixão, mas permita-me um pequeno devaneio: Camões com toda sua grandiosidade e perfeição errou nesse poema. Pelo menos é o que penso.
As paixões movem o mundo. Então permita-se apaixonar e apaixone-se.
Paixão é o que há!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O Balançar das Folhas

O balançar das folhas das árvores ao vento. Isso foi a maior agitação do meu dia. Não tenho nada para fazer. Nada de interessante para fazer. Eu não sou interessante e não faço nada.
Peguei um caderno velho, com algumas folhas ainda em branco, um caneta e comecei a escrever essa crônica -se é que isso pode ser chamado de crônica-, mas escrever é uma coisa que gosto.
Já disse, não tenho nada de interessante para escrever, falar-te-ei, então, sobre a coisa mais interessante que fiz neste dia: observar o balançar das folhas das árvores ao vento.
Sentado no sofá, olhando pela janela, vejo diversas árvores, uma mangueira, um abacateiro, um limoeiro, um mamoeiro, um pé de cajá e uma de não sei o quê.
De um lado para o outro. Do outro para um. Como se fossem as ondas do mar com seu ir e vir. Como a vida, uma folha cai da mangueira e vai sem rumo encontrar o chão, o seu fim. Como a gente, que não balança com o vento e nem cai, mas que também encontramos dificuldades pelo caminho e, vamos onde o vento nos leva.
Paro e volto para o nada, e fico a olhar o balançar das folhas das árvores ao vento.