sexta-feira, 17 de abril de 2015

Coisas de bêbados

01:15 horas.
Peguei o telefone e disquei o número dela. Tinha apagado, pois não queria nenhum resquício dela em minha vida, mas já era tarde. Seu telefone eu já decorara desde o primeiro dia. Não sabia exatamente o que diria, caso ela me atendesse. Pensei em desligar, mas não o fiz. Primeiro toque, tremi. Segundo toque, ela não vai me atender, tenho certeza, está tarde e ela está dormindo. Terceiro toque e a desgraçada atendeu:
- Alô!
Ela disse com uma voz doce e sonolenta. Fiquei quieto, não respondi. Ela disse:
-Mark, eu sei que é você, reconheci sua respiração afobada de sempre. O que quer? Está tarde e eu acordo cedo, para de bobeira e fala logo o que quer.
Não tinha mais escolhas. Ou desligava ou falava. Resolvi então falar.
- L - Laurie! - gaguejei - Eu queria te dizer que… -pausei, por um momento- eu… Eu… É…
- Fala logo cara!
Pensei em dizer a verdade, que eu a amava e sentia falta dela, mas para quê? Ela seguiu a vida dela e estava feliz com outro. Então disse, firmemente:
- Laurie! Eu queria te dizer que você é uma vaca - não achei um outro adjetivo para descrevê-la no momento- e desejo do fundo do meu coração, que você e seu novo namorado vão se foder. Você é uma ingrata, quando mais precisou, estive com você, e me recompensas assim, me jogando para escanteio e me fazendo sofrer vendo toda essa felicidade que você sente junto desse bocó. Quero te dizer só mais uma coisa, você morreu pra mim!
E finalizei a chamada!
Senti um peso na consciência e mandei-a um SMS:
"Desculpa, estou bêbado."
O que fazemos quando o amor acaba e não queremos admitir para nós mesmos? O que fazemos?